Oxalá: O Orixá da Criação e da Paz

Oxalá
Oxalá

Oxalá é uma das figuras mais veneradas no Candomblé, uma religião afro-brasileira rica em histórias, simbolismos e tradições. Conhecido como o orixá da criação, da paz e da luz, Oxalá desempenha um papel central na cosmologia do Candomblé, sendo o criador da humanidade e um guia espiritual para seus devotos. Este artigo explora a história de Oxalá, suas características, linhagens e sua influência na cultura contemporânea.

Quem é Oxalá?

Oxalá, também conhecido como Obàtálá na tradição iorubá, é o orixá da criação. Ele é o responsável por moldar os corpos humanos e insuflar o sopro de vida. Representa a serenidade, a sabedoria e a pureza, sendo muitas vezes associado à cor branca, que simboliza a paz e a espiritualidade.

A Criação do Mundo

Segundo a mitologia do Candomblé, Olodumaré, o deus supremo, encarregou Oxalá de criar o mundo. Com um saco sagrado contendo os elementos necessários, Oxalá desceu à Terra para cumprir sua missão. No entanto, enfrentou desafios durante sua jornada, incluindo a embriaguez com vinho de palma, o que o impediu de completar a tarefa. Por isso, Oduduwa, outro orixá, assumiu a responsabilidade de criar o mundo, enquanto Oxalá ficou com a missão de moldar os corpos humanos.

A Criação dos Seres Humanos

Oxalá, com a ajuda de Nanã, que ofereceu lama para a modelagem, criou os corpos humanos. Depois de moldá-los, pediu a Olodumaré que lhes desse o sopro de vida, completando assim a criação. Essa lenda ressalta a importância de Oxalá como o criador da humanidade e simboliza a união entre a matéria e o espírito.

Características de Oxalá

Oxalá é associado à paz, à serenidade e à pureza. Ele é representado como um ancião, sábio e calmo, que busca sempre a harmonia. Suas vestes são brancas, refletindo sua conexão com a paz e a espiritualidade. Seu principal símbolo é o opaxorô, um bastão de madeira adornado com búzios, que ele usa para conduzir e guiar seus devotos.

Linhagens de Oxalá

Oxalá possui duas principais linhagens que são veneradas no Candomblé: Oxaguiã e Oxalufan.

Oxaguiã

Oxaguiã é a manifestação jovem e guerreira de Oxalá. Ele é dinâmico, vigoroso e é conhecido por sua energia ativa. Seus devotos invocam Oxaguiã em momentos que exigem força, coragem e ação.

Oxalufan

Oxalufan representa a face mais idosa e serena de Oxalá. Ele é símbolo de sabedoria, paciência e harmonia. Seus devotos o procuram em busca de paz, tranquilidade e resolução pacífica de conflitos.

Festas e Celebrações

Oxalá é celebrado com grande respeito e devoção. As festas dedicadas a ele, como o Oxalá Ajagunan, ocorrem geralmente em dezembro ou janeiro. Durante essas celebrações, os devotos vestem branco e realizam oferendas de alimentos brancos, como canjica, arroz e milho branco. Essas festividades são momentos de purificação e renovação espiritual.

Tabus e Proibições

Oxalá tem vários tabus associados a ele, que refletem sua associação com a pureza. Entre os mais conhecidos está a proibição do uso de alimentos vermelhos, como dendê e carne vermelha. Além disso, os devotos de Oxalá evitam bebidas alcoólicas, simbolizando a busca pela serenidade e pela paz.

Oxalá na Cultura Popular

Oxalá é uma figura inspiradora na cultura popular brasileira. Sua imagem de paz e serenidade está presente em músicas, poesias e obras de arte. Muitos artistas celebram Oxalá em canções que exaltam a busca por harmonia e paz interior, refletindo os valores espirituais associados a ele.

Oxalá na Vida Moderna

Nos dias de hoje, Oxalá continua a ser uma presença vital no Candomblé e na vida espiritual de seus devotos. Ele é invocado em momentos de dificuldade, para trazer calma, sabedoria e orientação. Além disso, sua influência transcende o âmbito religioso, inspirando um ethos de paz e respeito que ressoa na cultura contemporânea.

Conclusão

Oxalá é um orixá central no Candomblé, representando a criação, a paz e a sabedoria. Sua história e ensinamentos oferecem lições valiosas sobre paciência, harmonia e pureza. Como criador da humanidade e guia espiritual, Oxalá continua a inspirar e orientar seus devotos, mantendo viva a rica tradição afro-brasileira.