Quem é Nanã?
Nanã Buruku é uma das orixás mais antigas e respeitadas do panteão do Candomblé. Conhecida como a mãe das águas profundas, Nanã está associada à sabedoria, à morte e ao renascimento. Ela representa a fusão da terra e da água, simbolizando a criação e o ciclo da vida.
Origem de Nanã
Nanã tem suas raízes no povo Fon, do antigo Reino de Daomé, atualmente Benim. Seu culto chegou ao Brasil através da diáspora africana e foi incorporado à religião do Candomblé, onde ocupa um papel central. Ela é considerada uma das orixás mais antigas, refletindo a ancestralidade e a sabedoria acumulada ao longo dos tempos.
Mitologia e Lendas
A Criação dos Seres Humanos
Uma das lendas mais conhecidas sobre Nanã é sua participação na criação dos seres humanos. Conta-se que Oxalá teve dificuldade em modelar os corpos com areia seca, e Nanã ofereceu a lama (terra misturada com água), facilitando a modelagem dos corpos humanos. Assim, Nanã se tornou a mãe da carne, enquanto Oxalá é o pai do espírito.
Relação com Omolu e Oxumarê
Nanã é mãe de Omolu (ou Obaluaiê), o orixá das doenças e da cura, e de Oxumarê, o orixá do arco-íris e das transformações. Segundo a tradição, Nanã rejeitou Omolu devido às feridas em seu corpo, mas posteriormente o aceitou, reconhecendo sua importância como curador.
Características e Simbolismo
Nanã é representada como uma mulher mais velha, simbolizando maturidade, paciência e sabedoria. Suas cores são o roxo, branco e lilás, que representam espiritualidade e conexão com o mundo espiritual. Seu principal símbolo é o ibiri, um cetro de palha decorado com búzios, que representa sua autoridade.
Papel no Candomblé
Nanã é venerada como a guardiã das almas e protetora dos mortos, desempenhando um papel crucial na transição entre a vida e a morte. Ela é invocada para proporcionar conforto e aceitação em momentos de perda, ajudando seus devotos a lidar com o ciclo da vida.
Relações Familiares
Cônjuge
- Oxalá: Em algumas tradições, Nanã é considerada consorte de Oxalá, simbolizando a união entre a matéria e o espírito.
Filhos
- Omolu (Obaluaiê): Deus das doenças e da cura.
- Oxumarê: Orixá do arco-íris e das transformações.
Outros Parentes
- Iemanjá: Muitas vezes vista como irmã ou aliada de Nanã, compartilhando uma conexão especial com as águas.
- Ossaim: Relacionado à cura e ao conhecimento das plantas, é um aliado de Nanã.
- Iansã (Oyá): Tem uma relação próxima com Nanã, especialmente em histórias relacionadas a Omolu.
Festas e Celebrações
Nanã é celebrada com respeito e solenidade. As oferendas incluem alimentos como milho, inhame e feijão, além de frutas e flores. As festas dedicadas a ela têm uma atmosfera de introspecção e serenidade, refletindo seu papel como uma mãe ancestral e guia espiritual.
Curiosidades e Práticas Culturais
- Respeito e Reverência: Nanã é uma das orixás mais respeitadas no Candomblé devido à sua idade e sabedoria. Em cerimônias, é comum que seus filhos e devotos se comportem com grande solenidade e respeito. Ela é considerada uma mãe ancestral, e seus ensinamentos são vistos como guias para a vida e a morte.
- Tabus: Alguns tabus relacionados a Nanã incluem evitar consumir alimentos relacionados ao fogo ou sangue, pois ela é uma orixá que tem uma conexão pacífica e introspectiva. Seus rituais são geralmente marcados por uma atmosfera de serenidade e introspecção.
- Elementos Naturais: Nanã é fortemente ligada à natureza, especialmente à lama, que representa a fusão de água e terra. Esse elemento é visto como o início e o fim da vida, e por isso, seus rituais frequentemente incluem a presença de barro e água.
- Influência Cultural: Nanã também tem uma presença marcante na cultura popular e nas artes afro-brasileiras. Em festas e celebrações, como a Festa de Nanã, os devotos expressam sua devoção através de músicas, danças, e oferendas. As músicas de louvor a Nanã geralmente têm um tom mais lento e reverente, refletindo seu caráter calmo e meditativo.
- Cura e Transformação: Embora Nanã seja frequentemente associada à morte, ela também é vista como uma orixá de cura e transformação. Muitos devotos recorrem a ela em momentos de transição, buscando sua sabedoria para enfrentar desafios e mudanças na vida.
Nanã Hoje
Nos dias de hoje, o culto a Nanã continua sendo uma parte vital do Candomblé, tanto no Brasil quanto em outros lugares onde a diáspora africana levou essas tradições. Ela é venerada por sua sabedoria ancestral, sua conexão com o ciclo da vida e morte, e sua capacidade de proporcionar conforto e aceitação em tempos difíceis.
A influência de Nanã também pode ser vista em diversas manifestações culturais, como músicas, literatura, e arte, onde ela é celebrada como uma figura de poder, sabedoria, e compaixão. Seu papel como uma das orixás mais antigas e respeitadas continua a ser uma fonte de inspiração e força para muitos devotos, reforçando a importância das tradições e ensinamentos ancestrais na vida contemporânea.
Conclusão
Nanã Buruku é uma figura central no Candomblé, representando a sabedoria, a morte e o renascimento. Sua história e ensinamentos oferecem lições valiosas sobre a natureza da vida e a importância da aceitação e da transformação. Ao longo dos séculos, seu culto continua a inspirar e confortar os devotos, mantendo viva a rica tradição ancestral afro-brasileira.